NOTÍCIAS » ARTIGO - CIDADANIA NO TRÂNSITO PARA CRIANÇAS

Brincadeiras simbólicas e experiências dos alunos nos centros urbanos são formas de educar para a convivência no trânsito

*Confira, abaixo, um artigo de uma professora da rede municipal de São Paulo, sobre educação no trânsito para crianças.


"É comum ouvir falar sobre trânsito nos noticiários do cotidiano, principalmente nos grandes centros urbanos em que os acidentes ocorrem periodicamente em razão de um fluxo intenso de deslocamentos e de ações imprudentes dos pedestres, motoristas ou passageiros. Será que todos os cidadãos têm clareza das atitudes e ações que contribuem para um trânsito mais tranquilo?

Falar sobre trânsito na atualidade é uma questão que não se esgota. Com o crescimento das cidades, a compra compulsiva de veículos e uma maior aglomeração de pessoas, torna-se necessário destacar o tema nas discussões políticas, sociais, econômicas e até educacionais, ponto essencial para a conscientização dos indivíduos sobre o bem-estar coletivo.

Assim, como desenvolver uma proposta pedagógica com os alunos a partir dessa perspectiva?

Atividade didática para a Educação Infantil

Expectativas de aprendizagem: Reconhecer situações de potencial perigo e tomar precauções para evitá-las; Assistir a filmes concentrando-se por períodos cada vez maiores; Participar de rodas de conversa contribuindo com a discussão do tema; Assumir papéis reproduzindo situações cotidianas

A criança está inserida na sociedade desde a mais tenra idade. Falar sobre trânsito faz parte de sua realidade. Logo, quanto mais o currículo estiver relacionado ao seu cotidiano, maior probabilidade haverá de construção e ampliação de conhecimentos. Para isso, é necessário que o professor reconheça o aluno como ser integral (em seus aspectos físicos, psicológicos e cognitivos), protagonista no processo de aprendizagem.

As situações vivenciadas no dia a dia, como a travessia e a movimentação de pedestres, o fluxo de veículos em vias públicas e o embarque e desembarque em meios de transporte, possibilitam a reflexão sobre as atitudes cidadãs, não meramente pela preocupação em cumprir regras, mas, sobretudo, pela conscientização do cuidado à vida, estimulando ações colaborativas.

A partir do desenvolvimento dessa temática, as diversas áreas do conhecimento (linguagem oral e escrita, movimento, natureza e sociedade, artes visuais…) são trabalhadas numa proposta interdisciplinar, envolvendo a realização de atividades corporais e musicais, lúdicas, jogos, representações gráficas (desenho ou escrita), entre outras. Ao trabalhar com estratégias diversificadas, o professor permite aos alunos o desenvolvimento das diversas habilidades e competências.

Indagações sobre o cotidiano permitirão ao educador focar sobre as reais necessidades de seus alunos. Algumas podem estar relacionadas ao próprio trajeto que as crianças realizam de casa para a escola. Por exemplo: como se locomovem para ir à escola?

Caminhando, com o uso de transporte particular, escolar ou público? Se vão caminhando, com quem vão? Olham para os dois lados antes de atravessar, utilizam a passarela, atravessam na faixa de pedestres, seguram nas mãos do adulto? A partir de questões simples como essas é possível extrair um vasto conteúdo.

Diante desse contexto, torna-se significativo falar sobre o uso do semáforo e o que suas cores representam: não simplesmente para a apresentação de mais uma regra ou objeto que está na cidade, mas para o conhecimento de sua necessidade para a locomoção segura dos cidadãos.

Todos esses conteúdos podem ser explorados nas brincadeiras simbólicas realizadas pelas crianças, seja livremente, seja com intervenção do educador, em que as resoluções de situações-problema são observadas, apresentadas à turma e discutidas, considerando o cumprimento de atitudes cidadãs. Nessa proposta, as crianças aprendem como agir sendo pedestres e passageiros e, ainda, alertam os pais e demais adultos sobre como agir no trânsito, “cobrando-lhes” atitudes seguras.

Assim, é possível envolver os pais e a comunidade, uma vez que, todos vivenciam situações no trânsito cotidianamente. E uma sugestão interessante para estimular o desenvolvimento da localização é propor não apenas um passeio com a turma pelo bairro, mas um curto percurso a ser realizado com os pais no fim de semana, tendo o desafio de registrá-lo para compartilhar as descobertas e experiências com os colegas."

ROSA LÚCIA DA SILVA SANTANA

*Rosa Lúcia da Silva Santana é professora de Educação Infantil e Fundamental da rede municipal de São Paulo, especialista em deficiência intelectual pela Unifesp e professora de Saai (Sala de Apoio e Acompanhamento à Inclusão)

14 dez 2015 - Carte e EducaçãoVoltar