NOTÍCIAS » MOTORISTAS NEGAM BEBER E DIRIGIR, MAS PROCESSOS AUMENTAM NO DETRAN-MG

Enquanto os belo-horizontinos se dizem mais conscientes com relação aos riscos da mistura entre álcool e direção, os números mostram o contrário. Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde revelou que caiu a quantidade de moradores da capital que assumem que dirigem após ingerir bebida alcoólica. Uma notícia que poderia ser comemorada, não fosse pelo registro de um aumento considerável da quantidade de processos instaurados por embriaguez ao volante em BH e região metropolitana.

De acordo com dados do Detran de Minas, em todo o ano de 2015 foram instaurados 4.045 processos contra motoristas que cometeram infrações que, por si só, exigem a suspensão da carteira – a grande maioria dos casos por ingestão de álcool. Apenas nos cinco primeiros meses deste ano a quantidade de processos já quase ultrapassa o total do ano passado: até maio foram 3.915.

Para o diretor do Detran, João Otacílio da Silva Neto, o aumento é causado por vários fatores. Isso se deve à falta de conscientização e educação, mas também é preciso considerar que subiu o número de radares e a fiscalização no geral também cresceu. Isso tudo deve ser levado em conta, afirma o delegado.

Contraponto
Contrariando o cenário retratado pelos registros, homens e mulheres ouvidos na capital sobre a mistura entre bebida e direção se mostram mais preocupados com a legislação e com as consequências trazidas pelo descumprimento da mesma.

Segundo dados de um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde e divulgado no fim do mês passado, a quantidade de motoristas de BH que afirma ingerir bebida alcoólica antes de pegar a direção caiu.

Em 2012, o índice de adultos que assumiu infringir a lei era de 6,9% da população. Em 2015, esse índice caiu para 6,2%. O resultado entre os homens é maior do que entre as mulheres. No país, foi registrada a mesma tendência de queda de BH. A quantidade de pessoas que disse dirigir sob efeito de bebida alcoólica passou de 7% em 2012 para 5,5% no ano passado.

Para evitar o tão conhecido faça o que eu digo, não faça o que eu faço, as leis estão cada vez mais rígidas para quem ainda insiste em burlar a regra. Uma das formas usadas para aumentar a punição ao motorista infrator é a tipificação mais pesada para o crime.

A pessoa que ingere álcool e pega a direção assume o risco do resultado, do acidente. Já vimos vários casos de julgamento do condutor que mata nessa circunstância cair no homicídio doloso, e não apenas no culposo, explica o diretor do Detran.

De acordo com dados do Estado, 275 motoristas foram flagrados por infrações ou crimes de trânsito em blitze da Lei Seca entre o dia 1º janeiro e 12 junho de 2016

Mais rigor
Em 2016, a Lei Seca completa 8 anos de vigência. Além de mudar os hábitos dos brasileiros, a lei trouxe um maior rigor na punição e no bolso de quem a desobedece. Com o passar dos anos, o texto passou por mudanças e ficou mais severo com o objetivo de aumentar a conscientização de não se misturar a bebida com direção.

Atualmente, o condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à fiscalização de trânsito está sujeito a multa no valor de R$ 1.915,40 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência, o valor da multa é dobrado.

Acompanhando a implementação da lei, o Vigitel passou a estimar a frequência de indivíduos que referiram conduzir veículo motorizado após o consumo de bebida alcoólica, independentemente da quantidade de bebida consumida e da periodicidade dessa prática.

A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2015) realizou mais de 54 mil entrevistas nas capitais dos 26 estados e no Distrito Federal. O levantamento é realizado anualmente, desde 2006, pelo Ministério da Saúde. Os dados são coletados e analisados por meio de uma parceria com o Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).

Em 2013, as sanções previstas na Lei Seca foram endurecidas por uma resolução que prevê multas e penas maiores. A nova legislação não admite nem um gole de cerveja. Antes, o motorista era liberado quando o bafômetro detectava qualquer concentração até 0,1 miligrama de álcool por litro de ar.



Alessandra Mendes
[email protected]

03/07/2016 - 06h00

Foto (crédito): Lucas Prates

05 jul 2016 - Hoje em DiaVoltar