A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou ontem um ambicioso pacote para diminuir os gargalos no trânsito da capital. O Programa de Estruturação Viária de Belo Horizonte (Viurbs) prevê 148 obras, orçadas em R$ 2,5 bilhões, a serem executadas a longo prazo. Dez delas são consideradas prioridade (veja quadro) e podem ser incluídas no Orçamento Participativo Digital (OP Digital) deste ano, que vai eleger, por consulta popular via internet, uma lista de intervenções para a cidade. Um dos principais objetivos do plano é desafogar o hipercentro, a Cidade Industrial (Contagem), o entorno da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Venda Nova, regiões que mais concentram o tráfego. Apesar do anúncio, boa parte das intervenções está longe de ser novidade e é aguardada há bastante tempo por moradores de várias regiões.
Segundo a consultora técnica da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas da PBH, Maria Caldas, para realização do estudo foram percorridos 3,4 mil quilômetros em veículos com GPS (sistema de posicionamento via satélite) e foi identificada a velocidade média nos principais corredores da capital. “A situação do hipercentro é preocupante, mais de 400 mil veículos passam por lá diariamente. A velocidade média de um ônibus não ultrapassa os 6 quilômetros por hora, o que dificulta o deslocamento de milhares de pessoas”, afirma.
O ranking de empreendimentos prioritários, orçados em R$ 227 milhões, foi elaborado com base em critérios técnicos, como a capacidade das obras de desafogar os grandes corredores, que convergem para o coração da cidade; a priorização do transporte coletivo; o aumento da fluidez; a inclusão social, com acesso aos principais pólos de emprego e lazer; e a redução da poluição. A ligação da Avenida Tereza Cristina com o Anel Rodoviário encabeça a lista, seguida da abertura de um acesso da Via do Minério para o Anel. São opções para articular melhor o tráfego na Região do Barreiro e na Cidade Industrial.
Maria Caldas diz que o estudo prevê a expansão populacional e da frota, que ultrapassou a marca de 1 milhão de veículos no ano passado. “Com o crescimento da cidade, é preciso refazer parte do sistema viário. O objetivo é melhorar em até 57% a velocidade média dos veículos”, afirma. De acordo com a prefeitura, o edital para construção da nova rodoviária, no Bairro Calafate, na Região Oeste, deve ser publicado no mês que vem e é uma das opções para desafogar o trânsito no hipercentro.
Outra prioridade do programa é valorizar os transportes coletivo e não-motorizado, com o objetivo de inverter a lógica do trânsito na cidade. Atualmente, enquanto os carros de passeio são 78% da frota e transportam 40% das pessoas, os ônibus são 6% e rodam com mais da metade da população (veja arte).Por isso, a prefeitura pretende priorizar os coletivos, construindo corredores exclusivos, e abrir espaço para as bicicletas. “Onde for possível, haverá ciclovias”, promete Maria Caldas.