NOTÍCIAS » PARA ESPECIALISTAS, DESRESPEITO À FAIXA DE PEDESTRES PRECISA PESAR NO BOLSO

BHTrans não tem estatísticas sobre desrespeito à faixa de pedestres e alega não haver recursos para campanhas

Não há estatísticas sobre atropelamentos em faixas de pedestres em Belo Horizonte, nem recursos para serem investidos em campanhas educativas de amplo alcance. A justificativa para a falta de dados, segundo o analista da Gerência de Educação da BHTrans Humberto Rolo, é o fato de as ocorrências de trânsito não especificarem se o acidente ocorreu na faixa. Ele ressalta que, nas travessias demarcadas e sem semáforo, a preferência é de quem está a pé, conforme determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). De acordo com pesquisa realizada pela empresa em 2013, depois de ações de educação em determinados locais da cidade, aumentou o número de veículos que respeitam a sinalização.

Os agentes observaram o comportamento dos motoristas antes e depois das ações de mobilização, que trouxeram melhorias no Barro Preto (238%), Mercado Central (145%), área hospitalar (160%), Savassi (125%) e imediações do Parque Municipal Renné Giannetti (14%).

A percepção de Humberto é de que os belo-horizontinos estão mais gentis no trânsito, mas não há números que comprovem o maior respeito deles em relação aos pedestres. Nas ações educativas, os agentes da BHTrans abordam os motoristas para mostrar a importância de se respeitar a faixa. A última campanha massiva com inserções na televisão foi realizada há três anos, em parceria com emissoras. Faltam verbas. Mudanças no sistema de ônibus, como a implantação do Move, são ações que têm que ser obrigatoriamente comunicadas, o que consome todo o nosso recurso de mídia, afirma.

Em meio ao desrespeito à sinalização para a travessia, alguns pontos da cidade são verdadeiras ilhas de civilidade. É o caso do câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Região da Pampulha, onde o hábito de parar na faixa para que o pedestre atravesse em segurança é respeitado pela maioria dos motoristas.

O professor da UFMG Nilson Tadeu Ramos Nunes, doutor em engenharia de transportes, afirma que um conjunto de fatores deve ser analisado ao avaliar o comportamento de motoristas. O principal é a cultura de não respeitar as sinalizações de trânsito. Outro fator importante é a ausência de fiscalização e de punição, diz. O especialista avalia que há uma perceptível melhora em relação à obediência às faixas, mas ainda há muito desrespeito. Em sua avaliação, não são realizadas campanhas em número suficiente. É importante a realização de campanhas permanentes, não somente em relação às faixas de pedestre, mas também ao comportamento no trânsito.

A falta de campanhas educativas é um erro que torna uma cidade do porte de BH insegura para os pedestres, conforme analisa o professor de engenharia de transporte e trânsito Márcio Aguiar, da Universidade Fumec. Ele critica a justificativa da falta de recursos. Pelo Código de Trânsito, 5% de todas as multas devem ir para o Fundo de Educação para o Trânsito. O que falta é equipe técnica da BHTrans, para fazer um trabalho intensivo de rua, afirma.

A BHTrans informou que, em 2015, foram implantadas ou receberam manutenção 325 faixas na área central. Neste ano, até maio, foram 35. Humberto Rolo, da empresa municipal, informou que são realizadas ações educativas permanentes com alunos e professores da capital. Uma campanha na TV custa de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões, mas não é perene. Para mudança de cultura o melhor é um programa educativo permanente.


postado em 23/06/2016 06:00 / atualizado em 23/06/2016 07:38

Márcia Maria Cruz , Junia Oliveira /
Arte EM

05 jul 2016 - Estado de MinasVoltar