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Perigo atrás do volante



Levantamento da Polícia Civil mostra baixo desempenho dos alunos das auto-escolas de Belo Horizonte nos exames para obter a carteira nacional de habilitação




Candidatos à CNH treinavam para as provas, ontem, nas imediações do Mineirão, na Pampulha



PAULO HENRIQUE LOBATO



O Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran) reprovou a maioria dos centros de formação de condutores (CFC) de Belo Horizonte. Uma portaria, publicada em maio, fixou metas trimestrais de rendimento para as auto-escolas da capital: aprovação de 54,6% dos alunos no exame prático da carteira de habilitação modelo A (moto), 45%na prova para a permissão B (veículos de passeio) e 69%na de legislação. O órgão da Polícia Civil fez o primeiro levantamento, de julho a setembro, e o resultado foi alarmante. Das 236 empresas que preparam aspirantes a motoristas do tipo B, 166 (70,3%) não atingiram o percentual. Da mesma forma, 98 (66,7%) das 147 que ensinamos clientes a conduzir motocicletas. O aproveitamento só foi positivo no teste teórico: “apenas” 99 (36%)das275queoferecemaulasde legislação não foram bem. A norma não trata das classes C, D e E. “O CFC que não alcançar a meta será penalizado. A portaria prevê três sanções: advertência por escrito, suspensão da atividade por até 30 dias e cassação do registro.



A medida vale, inicialmente, para BH, mas, em breve, será estendida a toda a região metropolitana e, daqui a alguns meses, ao interior do estado. A partir de 2008, o resultado da fiscalização será publicado no nosso site (www.detrannet.mg.gov.br), para que os clientes saibam qual empresa está contratando e elas próprias não se omitam no ensino”, explica o delegado Ânderson França Menezes, chefe da divisão de Habilitação do Detran.



Ele esclarece, no entanto, que nenhuma empresa será penalizada em razão do primeiro levantamento, pois o raio-X serviu mais para que o Detran e os CFCs tenham noção de como está o setor em BH. Mas, em janeiro de 2008, no segundo balanço, as auto-escolas que não atingirem as metas serão cobradas. Os dados apurados de julho a setembro confirmam o nivelamento por baixo dos aprendizes de motoristas que chegam ao órgão e ajudam a explicar o comportamento inadequado demuitos condutores.


RESSALVAS O delegado já se reuniu com representantes do setor e deixou claro que a fiscalização será rígida. O presidente do Sindicato dos Proprietários de Centro de Formação de Condutores (Siprocfc/MG), Rodrigo Fabiano Da Silva, respalda a portaria,mas faz ressalvas. “A medida é importante, porque cobra qualidade da gente. Porém, o Detran começou pelo fim: antes de exigir os índices, deveria promover mudanças internas, o que nos daria melhores condições de trabalho”.


O empresário questiona o porquê de a norma só valer para BH: “O Detran é um órgão estadual, mas tem carência de servidores e infra-estrutura. Antes de nos cobrar, deveria cumprir a Resolução 168 do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e em vigor desde 2005, determinando que os examinadores ficarão no cargo por até uma no, podendo ser reconduzidos por igual período. Mas, aqui, há funcionários com mais de uma década na função. Alguns se sentem intocáveis. Muita gente fica nervosa ao lado deles. Portanto, envolve questões subjetivas, que deveriam ser levadas em conta”.


Já o delegado informou que o Detran está se reestruturando e irá cumprir a Resolução 168 em breve. Informou que a portaria atinge os CFCs da capital, porque a elaboração dos dados do levantamento é feita pela Prodemge, órgão responsável pela rede de computadores do estado.


“Ela (Prodemge) ainda não tem condições de fazer o estudo em todo o estado, mas, a medida será estendida, daqui a alguns meses, ato da Minas Gerais”, reiterou Menezes, acrescentando que a meta é um passo importante para a melhoria do perfil dos futuros condutores. As autoridades querem acabar – ou pelo menos reduzir drasticamente – a quantidade de motoristas que abusam da imprudência e desrespeitam a legislação de trânsito.


Estado de Minas 04/11/2007


05 nov 2007 - Estado de MinasVoltar