NOTÍCIAS » PRESSÃO DO TRABALHO AUMENTA RISCOS DE CAMINHONEIROS E MOTOCICLISTAS NO TRÂNSITO

O estresse é tido como um dos principais motivos dos altos índices de acidentes envolvendo caminhoneiros e motociclistas profissionais. Na análise de Tiago Bastos, consultor do Observatório Nacional de Segurança Viária, prazos de entrega, as longas jornadas e a condução por trechos de grande movimentação, entre outros fatores como o excesso de confiança, aumentam as chances destes profissionais serem vítimas de acidentes.

As motocicletas tiveram um salto na expansão da frota a partir da década de 90 e, com ela, cresceu também o número de mortos em acidentes com o veículo entre 1996 e 2013, conforme estatísticas do Ministério da Saúde, uma alta de 28%. As mortes de motociclistas representam 30% do total de vítimas fatais no trânsito brasileiro.

Para o especialista, a motocicleta é considerada um veículo de alto risco não só pelas tarefas normais de condução do veículo, mas pela dificuldade de equilíbrio em meio ao trânsito, principalmente nos grandes centros. Há outras desvantagens em relação à segurança, como a absorção do impacto do corpo no acidente, que potencializa a gravidade dos ferimentos.

“Em contrapartida, com o intuito de compensar tais desvantagens em relação à segurança, é fundamental a utilização dos equipamentos de segurança por parte dos ocupantes, assim como a manutenção de uma velocidade segura, a qual é decisiva quanto para evitar que um acidente ocorra tanto para que suas consequências sejam menos graves. Além disso, sempre importante é o nível de educação/cultura de segurança no trânsito dos condutores e passageiros de motocicletas”, orienta.

A incompatibilidade do veículo no tráfego também é motivo de alerta. Bastos avalia que o limite de velocidade das rodovias expõe o motociclista a um quadro ainda mais vulnerável por conta da consequência de um eventual acidente a uma alta velocidade. Além disso, o ciclo rodoviário possui maior concentração de veículos pesados. No caso de colisão com um veículo de massa maior, as chances de sobrevivência são menores.

Caminhões
O aumento das mortes de caminhoneiros, apesar de oscilar bastante nas estatísticas do Ministério da Saúde, está associado também ao crescimento da frota de veículos pesados no Brasil.

No entanto, na análise do especialista, a estrutura de proteção oferecida pelo caminhão diminui as chances de óbito em uma colisão com veículo de menor porte. “A partir disso, tem-se que grande parte dos acidentes fatais com caminhões tende a ser acidentes com um único veículo, no caso, o caminhão. Esses acidentes ocorrem devido à perda de controle do caminhão, que por sua vez pode ter uma variedade de fatores determinantes, tais como a geometria da rodovia, condições da lateral da pista, pavimento e a velocidade”, assinala Bastos.

As jornadas exaustivas dos condutores de caminhões, que dirigem por longas distâncias, e a presença elevada de outros veículos com automóveis leves, aumentam a probabilidade de mortes de ocupantes de automóveis em caso de acidentes. “A diferença de tamanho é importante porque a parte do veículo preparada para receber o impacto de uma colisão deve, tanto quanto possível, coincidir com a mesma parte do outro veículo envolvido na colisão, de modo que as estruturas de proteção de ambos os veículos atuam na preservação da integridade física de seus respectivos ocupantes. Quando as partes preparadas para receber o impacto não coincidem na colisão, o elemento que foi projetado para proteger a integridade físicas dos ocupantes de um veículo, acaba por representar um fator de risco de ferimento para o condutor do outro veículo envolvido na colisão”, explica.

Soluções
Mais investimentos em infraestrutura e ações políticas poderiam contribuir com a redução das mortes de caminhoneiros e motociclistas. Para o especialista, no caso dos profissionais das estradas, soluções como a ampliação da rede de ferrovias podem reduzir significativamente a exposição de caminhões nas rodovias brasileiras, o que influenciaria positivamente na segurança viária.

“A mesma lógica pode ser transferida para a questão da proliferação das motocicletas, que surgiram como uma alternativa aos problemas de mobilidade urbana. A oferta de um serviço de transporte coletivo confortável, rápido, confiável e facilmente acessível é capaz de frear o aumento da frota de motocicletas, tornando o transporte urbano além de mais racional, mais seguro”, conclui.


22 DE JULHO DE 2015 POR RADAR.NACIONAL

27 jul 2015 - Radar NacionalVoltar