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Quadrilha acusada de vender carteiras

Polícia prende em Divinópolis suspeitos de distribuir mais de 200 documentos de habilitação feitos em Detran paulista

Paulo Henrique Lobato

A Polícia Civil desbaratou ontem, em Divinópolis, na Região Centro-Oeste, uma quadrilha acusada da venda de carteiras de habilitação em Minas Gerais e São Paulo. Há fortes indícios de que policiais e funcionários do Departamento de Trânsito paulista (Detran/SP) estejam envolvidos no esquema. Dois suspeitos presos são instrutores de um centro de formação de condutores: José Eustáquio Alves, de 57 anos, e André Luiz Gonçalves, de 25. Também foi detido o comerciante Édio Dias de Oliveira, de 55. Eles vão responder por crimes de formação de quadrilha, falsificação de documento público e falsidade ideológica.

Os dois instrutores são acusados de arregimentar pessoas interessadas nas carteiras. Eles encaminhavam fotos e dados dos clientes ao comerciante, que levava a encomenda a Mogi das Cruzes, onde os documentos eram feitos. O espelho e o prontuário das carteiras eram verdadeiros, mas as habilitações foram emitidas sem que nenhum candidato fosse a São Paulo para fazer os exames psicológicos e de saúde, além dos testes de legislação e direção.

“Eles cobravam cerca de R$ 2 mil pelo trabalho e as carteiras de habilitação chegavam, em média, em 15 dias. Do total pago, José e Eustáquio ficavam com cerca de R$ 100 cada”, explica o delegado regional de Divinópolis, Hélio Lisse Júnior. Foram encontrados com os suspeitos 15 documentos de candidatos que teriam pago pelo serviço, duas carteiras de habilitação falsas, R$ 4,7 mil em dinheiro, um revólver calibre 38 e fotos. A polícia apurou que outras 40 carteiras estariam chegando à cidade. O delegado acredita que cerca de 200 documentos tenham sido entregues pela quadrilha em Minas.

“Movimentaram muito dinheiro. Há indícios de que eles também agiram em outras cidades, como Viçosa, na Zona da Mata”, disse Lisse Júnior. Ele explica que as investigações duraram quatro meses e começaram com uma denúncia anônima.

A polícia acompanhou os suspeitos até conseguir provas da fraude. Há suspeitas de que policiais e pessoas ligadas ao Detran/SP, como profissionais de consultórios médicos, estejam envolvidos no esquema. “Vamos repassar ao Ministério Público Estadual (MPE) informações para que sejam encaminhadas ao MPE daquele estado”, disse.

O delegado adiantou ainda que a polícia vai atrás das pessoas que compraram e já receberam carteiras falsificadas. “É uma irresponsabilidade entregar a autorização de direção a pessoas que não fizeram exames. Imagine se foi entregue uma carteira, por exemplo, a um analfabeto, que não sabe ler as placas de trânsito”, afirmou o policial.

18 abr 2007 - Estado de Minas - gerais - 18/04/2007Voltar