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Ritmo da violência preocupa
Número de acidentes nas rodovias estaduais aumentou 26% nos últimos quatro anos, com 470 mortos no ano passado. Motoristas abusam porque sabem que ainda não há punição

A violência nas estradas estaduais cresce em ritmo acelerado. Com o melhoramento das pistas e a fiscalização fragilizada, motoristas abusam da velocidade e da imprudência. Dados da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), responsável pelo patrulhamento, mostram que o número de acidentes aumentou 26% nos últimos quatro anos. Nesse período, a quantidade de feridos e mortos subiu 41% e 5%, respectivamente. O quadro é um desafio à Secretaria de Estado de Transportes, que fixou meta de redução das estatísticas para os próximos quatro anos.


Em 2003, a malha estadual registrava 7,6 mil batidas e atropelamentos, saldo que chegou a 9,6 mil no ano passado (veja quadro). O número de feridos passou de 4,4 mil para 6,3 mil. Já o de mortos, de 448 para 470. As estatísticas estão longe de superar a violência nas estradas federais que cortam Minas, que são mais movimentadas. Mas são comparáveis a sangrentas guerras.

Nos primeiros três anos de invasão do Iraque, 18,4 mil soldados norte-americanos foram feridos. De 2003 a 2005, as MGs não ficaram muito longe: 16,7 mil. A violência também é crescente quando se considera a expansão da frota. A taxa de acidentes (número de ocorrências por 10 mil veículos) era de 19,4 em 2003. No ano passado, chegou a 19,9. Uma epidemia, na opinião do subsecretário de Transportes, Fabrício Torres Sampaio: “Não há ninguém que não tenha perdido um amigo ou parente no trânsito”, comenta.

O comandante da 7ª Companhia da PRE, major Antônio de Carvalho, responsável pelo patrulhamento das rodovias estaduais na Grande BH, atribui as estatísticas a uma série de fatores. Além do crescimento do número de veículos, que aumenta os conflitos nas rodovias, os motoristas estão mais imprudentes. “Logo que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) entrou em vigor houve um certo temor diante das novas regras e os números recuaram. Mas muitas delas não foram aplicadas como deveriam e, com o passar do tempo, as pessoas criaram um sentimento de impunidade”, afirma.

Ele explica que a maioria das ocorrências está relacionada ao excesso de velocidade e às ultrapassagens indevidas. Em alguns casos, os motoristas são inexperientes e não têm costume de circular em estradas. Em outros, dirigem na malha estadual, mais estreita e sinuosa, como se estivessem em largas BRs. As falhas na fiscalização, segundo o policial, também estimulam a imprudência, pois, sem a perspectiva de punição, os condutores tendem a abusar. “Não é possível ter um patrulheiro de metro em metro”, argumenta.




PRIORIDADE De acordo com a PRE, as vias mais violentas são o Anel Rodoviário, em BH; a MG-010, que liga a capital à Serra do Cipó, passando pelo Aeroporto Internacional Tancredo Neves; a MG-050, entre a Grande BH e a divisa com São Paulo; e a MG-424, na região de Sete Lagoas. A Secretaria de Transportes informa que essas rodovias e outras que cortam o Sul de Minas e a Zona da Mata terão prioridade no programa de segurança.

Para Carvalho, o pacote anunciado pela secretaria deve contribuir significativamente para frear a violência. Ele cita a fiscalização eletrônica. “Com uma boa cobertura de radares nas rodovias o motorista tende a controlar a velocidade em qualquer lugar. Quando há poucos equipamentos, ele se acostuma e reduz apenas no ponto em que os aparelhos estão instalados”, afirma. (FF)

"Não é possível ter um patrulheiro de metro em metro" • Major Antônio de Carvalho, comandante da 7ª Companhia Rodoviária

11 jun 2007 - Estado de MinasVoltar