NOTÍCIAS » SIMULADOR VIRA LEI COM APENAS 3% DAS AUTOESCOLAS ADAPTADAS

O Jornal O Tempo publicou, no último sábado (05/09/15), a matéria abaixo sobre os simuladores de direção, que teve como fonte o presidente do Siprocfc-MG, Rodrigo Fabiano da Silva.

O Siprocfc-MG ressalta que existem alguns erros no texto, que seguem:
- O número correto de CFCs em Minas Gerais é de , aproximadamente, 1860 e não 2053, como afirma a repórter.
- Uma das entrevistadas afirma que “a grande causa de acidentes de trânsito é a imperícia”, porém, para o presidente do Siprocfc-MG, “na verdade, o que mais causa acidentes é a imprudência”


Aparelho será obrigatório a partir de janeiro, mas hoje está só em 60 dos 2.053 centros de formação de Minas

A menos de quatro meses do início da vigência do uso de simuladores de direção no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), menos de 3% das autoescolas mineiras adquiriram os equipamentos necessários para oferta das aulas. Mesmo neste cenário de pouca adesão, o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) garante que desta vez a regra é para valer e promete a publicação de portaria regulamentando o uso no Estado ainda neste mês.

A partir de 1º de janeiro de 2016, os candidatos à categoria B (carros) precisarão, obrigatoriamente, fazer cinco horas-aula nos aparelhos. Estimativa do Sindicato dos Proprietários dos Centros de Formação de Condutores de Minas (SiproCFC) aponta, porém, que pouco mais de 60 das 2.053 empresas credenciadas do Estado têm os simuladores.

Incrédulos, muitos proprietários de autoescolas desconfiam de que a cobrança realmente aconteça em 2016. Isso porque a norma já era para estar valendo desde janeiro de 2014, mas sofreu uma série de adiamentos até que, no dia 20 de julho deste ano, a Resolução 543 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamentou a matéria.

“Sinceramente, só acredito vendo”, desabafa o proprietário de uma autoescola da capital, que preferiu não ser identificado. Há dois anos, o empresário adquiriu dois simuladores apostando na captação de clientela, mas, após tantos adiamentos, está desiludido. “Antes de ser obrigatório, eu investi acreditando que seria um diferencial. Na época tivemos uma procura grande, mas aí prorrogaram a lei”, conta o proprietário. “Hoje meus simuladores estão encostados num canto. São R$ 80 mil parados dentro da empresa”.

Na capital, apenas quatro das 324 autoescolas possuem o simulador – os equipamentos são caros, e nem todos conseguirão adquirir, embora precisem ofertar as aulas. “Percebo que mais uma vez a classe vai deixar para a última hora, porque tudo é muito instável na legislação. Há interesses em jogo além da segurança do cidadão”, critica Ricardo Batista, diretor e proprietário da autoescola Sistema, no centro.

Anteontem, representantes do SiproCFC se reuniram com o Detran-MG para discutir a portaria, especialmente no que diz respeito às formas de compartilhamento do simulador. Presidente do sindicato, Rodrigo Fabiano da Silva admite que alguns proprietários estão inseguros e que será preciso correr para dar tempo de ter 700 aparelhos para atender a demanda no Estado. A expectativa do sindicato é que a norma seja publicada até o fim da próxima semana.

Saiba mais

Custo. Os simuladores custam em média R$ 40 mil, sem contar o custo mensal de manutenção, que pode variar de R$ 750 a R$ 1.750, destinados ao armazenamento de dados por cinco anos. A estimativa é que as aulas simuladas custem entre R$ 40 e R$ 70, contra a média de R$ 35 pagos em aulas práticas. O custo de um carro popular para a autoescola pode ser de R$ 25 mil, com manutenção entre R$ 300 e R$ 400.

Aquisição. Embora a autoescola não seja obrigada a comprar o simulador, o aluno precisará fazer as aulas. Se não puder adquiri-lo, o centro de formação poderá optar pelo compartilhamento com outras empresas ou até em comodato, quando se paga por aula na máquina do fornecedor.


Foto (crédito): EDITORIA DE ARTE


Candidato tem chance de treinar em situação adversa

Apesar da polêmica em torno da obrigatoriedade do uso dos simuladores de direção – discussão que se arrasta desde 2008 –, especialistas e donos de autoescolas concordam no que diz respeito às vantagens que a prática propicia na formação dos futuros motoristas. Um dos maiores benefícios está na possibilidade de o aluno praticar a direção em situações adversas, como chuvas e neblinas, nem sempre possíveis de se vivenciar nos veículos da autoescola por questão de segurança.

Sabemos que a grande causa de acidentes de trânsito é a imperícia, e, quando o condutor se depara pela primeira vez com uma situação crítica, pode não saber como agir. Mas com o simulador, que é um ambiente seguro, o aluno fica mais tranquilo para absorver aquele conteúdo”, explica Sheila Borges, diretora de produtos da empresa ProSimulador.

Aulas. A resolução do Contran detalha todo o conteúdo pedagógico a ser ministrado nos simuladores, desde os conceitos básicos até momentos adversos. Em uma aula, os alunos são apresentados inclusive à direção sob efeito do álcool.

“O aluno começa a dirigir sob álcool zero, e o simulador vai dizendo: ‘Agora você está sob efeito de uma dose de uísque, agora de um copo de cerveja’, e então o equipamento vai perdendo aquela perfeição dos reflexos. Até que chega um ponto em que o próprio aluno percebe que é impossível dirigir sem se envolver em um acidente”, detalha Sheila.

FOTO : JOAO GODINHO

PUBLICADO EM 05/09/15 - 03h00

LUIZA MUZZI

08 set 2015 - O TempoVoltar