Simuladores de direção e câmeras de monitoramento nos exames de rua foram o ponto alto da discussão; encontro teve a presença de autoridades e especialistas em educação para o trânsito
BELO HORIZONTE (28.11.13) – Cerca de 1.400 pessoas lotaram o Grande Teatro do Sesc Palladium, durante a realização do 9º Seminário de Gestão e Educação no Trânsito para CFC, realizado, essa semana, pelo Sindicato dos Proprietários de Centro de Formação de Condutores do Estado de Minas Gerais (SIPROCFC-MG).
Dentre os presentes estavam profissionais das autoescolas, autoridades do Detran-MG, especialistas em educação, consultores de gestão do Sebrae-MG, debatedores e palestrantes. Todos reunidos para discutir as mudanças previstas para breve no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Um dos assuntos mais comentados entre os participantes foi a possibilidade de se tornar obrigatório o uso de simuladores de direção na infraestrutura básica dos centros de formação de condutores, já a partir de janeiro do ano que vem. Com um preço equivalente a quase dois veículos populares, o equipamento foi tema de um ciclo inteiro de debates e o seu custo e viabilidade de implantação foram questionados em diversos momentos do evento. “Embora um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) considere viável o uso do simulador, seria importante se a UFMG se manifestasse sobre a eficácia dos equipamentos”, sugeriu o deputado estadual Zé Maia (PSDB).
Outra sugestão apontada por alguns presentes seria a implantação gradual da máquina nos CFCs, visto que comprá-la vai demandar investimentos muito altos. O presidente do SIPROCFC-MG, Rodrigo Fabiano da Silva, respondeu que, além dos benefícios oferecidos pelos fabricantes aos associados do sindicato, poderá haver a possibilidade de os simuladores de direção serem usados em salas compartilhadas. “Solicitamos formalmente que os CFCs usem o equipamento fora do CFC, tendo em vista a dificuldade das empresas em aumentar o tamanho de suas sedes para atender a exigência mínima de um espaço com 15 metros quadrados”, contou o presidente. “Em breve o Detran-MG deverá publicar uma portaria regulamentando o uso do simulador”, completou.
Enquanto isso, o Projeto de Lei 4.449/12, do deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG), que obriga o uso do simulador de direção para a formação de condutores, continua em análise na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados. Se for aprovada, a lei entrará em vigor 180 dias após sua publicação e caberá ao Contran definir a carga horária mínima a ser cumprida e os requisitos técnicos necessários à homologação do simulador de direção.
Transparência para coibir corrupção
Já a instalação das câmeras de monitoramento digital que vão compor o Exame Veicular Eletrônico (EVE) foi a mais aceita entre as mudanças. Ao possibilitar a captura do áudio e da imagem dos candidatos e examinadores dentro dos veículos de teste, será possível aumentar a segurança dos alunos e oferecer à sociedade mais transparência na realização dos exames de habilitação, além de padronizar a avaliação dos examinadores, inibindo a corrupção.
A previsão é que os testes do sistema sigam até dezembro, quando o Detran-MG deverá homologar os equipamentos para o monitoramento. As especificações constarão de portaria a ser publicada pelo órgão, que também deve criar uma agenda de implantação do sistema.
Seminário contribuiu para amenizar ansiedade da categoria
As diversas dúvidas e queixas relativas às mudanças apresentadas nas recentes normas que regem o setor motivaram a realização do evento, que também contou com dicas para o melhor gerenciamento dos centros de formação de condutores mineiros. Segundo o presidente do SIPROCFC-MG, Rodrigo Fabiano da Silva, a participação dos CFCs em massa mostrou às autoridades presentes a força do segmento. “O seminário alcançou todos os objetivos propostos, principalmente em relação ao simulador de direção, pois foram passadas informações mais detalhadas.”
Os convidados também avaliaram a importância de encontros como este para o repasse de informações e conhecimento. “Hoje eu aprendi, mais uma vez. Acho válido e estarei aqui sempre que for convidado. Tudo que vier para trazer benefícios para a sociedade, eu concordo. Como foi falado aqui, os números das mortes no trânsito são maiores do que os homicídios, então quanto mais investimentos forem feitos, melhor para os CFCs e para sociedade”, opinou o diretor de ensino do CFC Super, da cidade de Ipatinga.
Inscrição social
Mais de três mil litros de leite foram arrecadados no ato das inscrições, que eram gratuitas, mas tinham o caráter social. Cada empresário entregou duas caixas do tipo longa vida, que foram repassadas a diversas instituições assistenciais de Belo Horizonte.